domingo, 7 de fevereiro de 2016

Se você fosse sincera


Marchinha obrigatória em qualquer antologia carnavalesca. É da folia de 1941, gravada na Columbia em 7 de novembro de 1940 e lançada ainda em dezembro do mesmo ano (55250-A, matriz 330). Joel e Gaúcho também interpretaram "Aurora" no filme "Céu azul", da Sonofilms.




 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Teu corpo

Título: Olímpia
Técnica: Acrílico s/Tela
Dimensão: 100 x 140
Autor: Ana Horta
 

PRESÍDIO

Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?

E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...

É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio

vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!

David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dorme, dorme, Meu Menino

O SONO DE JOÃO

O João dorme... 
(Ó Maria,
Dize áquella cotovia
Que falle mais devagar:
Não vá o João, acordar...)

Tem só um palmo de altura
E nem meio de largura:
Para o amigo orangotango
O João seria... um morango!
Podia engulil-o um leão
Quando nasce! As pombas são
Um poucochinho maiores...
Mas os astros são menores!

O João dorme... Que regalo!
Deixal-o dormir, deixal-o!
Callae-vos, agoas do moinho!
Ó mar! falla mais baixinho...
E tu, Mãe! e tu, Maria!
Pede áquella cotovia
Que falle mais devagar:
Não vá o João, acordar...

O João dorme... Innocente!
Dorme, dorme eternamente,
Teu calmo somno profundo!
Não acordes para o mundo,
Póde affogar-te a maré:
Tu mal sabes o que isto é...

Ó Mae! canta-lhe a canção,
Os versos do teu irmão:
«Na Vida que a Dor povoa,
Ha só uma coisa boa,
Que é dormir, dormir, dormir...
Tudo vae sem se sentir.»

Deixa-o dormir, até ser
Um velhinho... até morrer!

E tu vel-o-ás crescendo
A teu lado (estou-o vendo
João! Que rapaz tão lindo!)
Mas sempre, sempre dormindo...

Depois, um dia virá
Que (dormindo) passará
Do berço, onde agora dorme,
Para outro, grande, enorme:
E as pombas que eram maiores
Que João... ficarão menores!

Mas para isso, ó Maria!
Dize áquella cotovia
Que falle mais devagar:
Não vá o João, acordar...

E os annos irão passando.

Depois, já velhinho, quando
(Serás velhinha tambem)
Perder a cor que, hoje, tem,
Perder as cores vermelhas
E for cheiinho de engelhas:
Morrerá sem o sentir,
Isto é deixa de dormir...
Acorda e regressa ao seio
De Deus, que é d'onde elle veio...

Mas para isso, ó Maria!
Pede áquella cotovia
Que falle mais davagar:
Não vá o João, acordar...

António Nobre, in 'Só'

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Mar Enrola na Areia






Quando andava na escola primária sempre conheci o nome de Praia Nova ou seja era a praia de Matosinhos.Os pescadores os banheiros e as pessoas que moravam aqui por perto da praia, a chamavam de Praia Nova. E porquê Praia Nova? Porque antes da construção do Porto de Leixões fazia-se praia no verão na direcção da rua de S.Roque, e esta rua vem terminar mesmo em frente de umas das entradas do Porto de Pesca.À medida que o Porto de Leixões era mais utilizado pelos barcos de pesca mais a àgua dentro do porto se contaminava com a lavagem da sardinha e mais se tornava imprópria para tomar banho. Então os banheiros da época decidiram mudar as suas barracas para fora do porto e foram para a antiga praia do Espinheiro e que os banheiros os pescadores a batizaram de Praia Nova. É assim que o povo junto da praia a apelidaram. E assim fui ouvindo o nome de Praia Nova. As nossas entidades municipais deviam ouvir mais o povo e não ir por uma placa que puseram na Praia com o nome de Praia do TItan. Amigo, isto que eu relato [...] está escrito na Monografia de Bouças não inventei nada simplesmente quero lembrar aos matosinhenses que Matosinhos tem uma bonita História mas é preciso que a gente investigue para a conhecer. E vamos valorizar os nossos antepassados. (Relato de Mário Rega Santos, de Matosinhos)